segunda-feira, 10 de junho de 2013

CRÍTICA: Depois da Terra


É fato que Hollywood já se colocou contra o diretor M. Night Shyamalan há muito tempo. Desde Fim dos Tempos (2008), o nome de Shyamalan já é associado a más produções. Tal fato se confirmou quando o diretor entregou O Último Mestre do Ar (2010), uma derrapada em sua carreira. Eis que em Depois da Terra, filme que dirige e roteiriza ao lado de Gary Whitta (O Livro de Eli), acontece outra escorregada.

A trama acompanha a vida dos seres humanos no planeta Nova Prime, num tempo futuro no qual a Terra já não dispõe das condições mínimas para a sobrevivência. Tudo na Terra evoluiu para matar os seres humanos. O jovem Kitai Raige (Jaden Smith) e seu lendário pai, Cypher (Will Smith), embarcam juntos para cumprir uma missão, e após serem atingidos por uma chuva de meteoros, a nave se espatifa, forçando um pouso no planeta Terra.


À partir daí, pai e filho, únicos sobreviventes da tripulação, terão que lutar contra os perigos do planeta transformado. Enquanto o pai é obrigado a permanecer em uma das duas partes da nave despedaçada devido a ferimentos, cabe ao filho a tarefa de andar 100km no perigoso planeta em busca do sinalizador que deve salvar suas vidas.

Acontece pai e filho na vida real não funcionam juntos na tela. Os conflitos entre os dois personagens são afetados por uma má atuação por parte do Jaden Smith, que parece sempre ter um pé atrás em suas cenas. Will é posto em segundo plano durante todo o filme, e sua boa performance é reduzida, deixando o má desempenho do filho sobressair. A sintonia em que se encontravam Will e Jaden no aclamado À Procura da Felicidade (2006) não existe mais aqui.


Depois da Terra torna-se uma produção de múltiplos defeitos. A começar pela montagem, que já na abertura do filme sente a necessidade de escancarar a queda da nave espacial que coloca pai e filho em perigo, somente para depois retroceder a história em três dias e contar como ambos os personagens chegaram aquela situação. Talvez na tentativa de transmitir a ideia de que haverá ação em algum momento do filme, já que quando a narrativa se inicia acontece uma lenta apresentação de como vivem os personagens em Nova Prime.

A direção de arte peca bastante, principalmente na construção dos cenários que fazem parte do novo planeta onde vivem os seres humanos. O figurino também se mostra incoerente: enquanto alguns usam roupas extremamente futuristas, outros personagens, como a mãe Faia Raige (Sophie Okonedo) caminham utilizando batas que remetem a figurinos do planeta Asgard, de Thor.


O ritmo do filme cai, mesmo com tantas cenas de ação, à medida que a trilha sonora de James Newton Howard sai de sincronia com a emoção das imagens. Uma vez no planeta Terra à procura do sinalizador, Kitai enfrenta uma jornada perigosa durante vários dias, sempre se deparando com perigosos animais e situações climáticas. A trilha caminha contra o próprio filme, reduzindo o  impacto que tais cenas teriam no espectador se acompanhassem a mesma euforia pela qual passa o personagem.

O ponto positivo que se destaca em Depois da Terra é o trabalho bem executado do departamento de efeitos visuais, principalmente na construção da nova Terra. Infelizmente Hollywood ainda precisa aprender que nem só de efeitos visuais se faz um filme.

Nota: 5/10

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